sábado, 28 de agosto de 2010

Vol I - I - bloco 4 (1/2)





Volume I


I


bloco 4




As pegadas úmidas no linóleo verde-escuro mostravam o trajeto que a mãe de Coppi deixara ao ir esvaziar a tigela sobre a pia e para reencher o bule de água quente sobre o fogão. O altar, que então se mostrara para nós lá no museu, ela disse, a trazer novamente a tigela, era um pedaço da propriedade dos reis, que podemos, se tivermos tempo, imaginar como eram, a compreender o que significam, antes de tudo, queremos isso reivindicar, isso tudo recuperar, tudo o que não foi ensinado na escola. Porém, para nós é difícil, ela disse, enquanto se acomodava a mergulhar os pés novamente na bacia, mesmo ter aprendido a ler e escrever, e os aspectos das imagens era algo, em geral, não pensado. Para a maioria de nós tais figuras de mármore tinham nenhum outro valor tal qual os gigantes sob o portal, e de deixar perplexo como foram desmembradas pelos construtores que naquele tempo usavam os blocos ao construírem novos muros. Assim eles fizeram, ao retirar as pedras das muralhas, pois era mais prático, e não precisariam arrastar até lá encima as pedras desde o vale, ao contrário, podiam ir mais perto buscar, além disso deviam mais rapidamente ser arranjadas, pois o inimigo avança em marcha, a ameaçar a fortaleza. Cada vez quando eu seguia entre os Atlantes, me dava pena, eu queria que eles finalmente se livrassem de seus fardos, permitir-se ninguém a ficar curvado sob os portais a lembrar-nos um peculiar trabalho pesado. Seria de lançarmos estes ao meio da rua, como se fossem barricadas, se assim fizesse sentido. Para os trabalhadores na fortaleza aqueles blocos eram nada além de material de construção, eles construíam muros com um plano inclinado escorregadio, e cortavam fora cabeças e membros, porque todo sobressalente impedia os encaixes. Como devemos, ela perguntou, sair disso, se para nós toda essa construção apenas foi cimentada com trabalho penoso e sacrifício, a ser fúria reprimida por aqueles que com estas obras se vangloriavam. E como devemos então ainda dizer que as resgatadas ruínas representa algo que enriqueça nosso modo de pensar. Para os muçulmanos, disse Heilmann, que antes haviam invadido Pérgamo e se reuniram para novos ataques, a obra artística helênica era coisa de bárbaros assim como aos bizantinos, que defendiam a posse dos frisos. Os árabes tinham ao menos razão ao destruírem as construções, pois eles vieram como conquistadores, e o devastar pertencia a lei marcial [Kriegsrecht], os dominadores bizantinos porém usaram a legítima defesa, para arrasarem o restos pagãos. Cortaram as faces dos deuses, pouparam os filhos-da-terra, terrestres [Erdensöhne]. Ambos, os islâmicos e os cristãos, destruíram o que suas religiões rejeitavam, o que para ele era estranho/repulsivo, tinha dado um sentido para as culturas de outrora na sofisticada Pérgamo. Assim como nós poderíamos concluir quanto aos Atletas em tangas sobre o tempo no qual que eles se originaram, e com eles a falsidade do industrialismo, que precisa recolher novos escravos, assim o estatuário dos frisos levava-nos a uma época, a ensinar-nos sobre as origens da sociedade, da qual nos encontramos nos últimos excessos. Debatíamos o que Pérgamo desejava apresentar, como se originou, de que modo decaiu e como superou tais estágios, e junto de cada sentença havia algo a aprender do pensar e do falar contemporâneo, para ultrapassar a lacuna entre a descoberta e o estupefação. Com sua autoridade, a desejar ser uma segunda Atenas, Pérgamo recebia os deuses da pátria. A gigantesca estátua de Athena, aquela com ouro e marfim enfeitada estátua modelada por Fídias, elevava-se no pátio interno da Biblioteca, na qual as galerias em arcadas entre bordas de pedra, acima dos leques de madeira, duzentos mil pergaminhos eram conservados. No sentido das tradições eram como compiladas coleções-de-Arte, com cópias de obras clássicas e com originais negociados ou saqueados em expedições militares. Foi o capacitar de um retrospecto além do desempenho de outros séculos que dava à elite de Pérgamo a consciência de pertencer a um novo tempo. Os ensinos de Anaximandro e Thales vindo da cidade vizinha de Mileto foram os bens culturais fundamentais para a mentalidade vital de caráter materialista. Os dois grandes acontecimentos dos pensadores de Pérgamo foi terem sido menos filósofos do que construtores, naturalistas, matemáticos, astrônomos e políticos. Eles pertenciam a classe dos comerciantes e navegadores, e suas investigações sempre partiram de tarefas concretas. Pontes, portos e fortificações deviam ser construídos. Concorrentes haviam a eliminar, expansões inimigas a refrear. Meios de transporte sobre terra e mar para ampliar, matérias-primas a explorar, colônias a conquistar, e para estes objetivos eles deviam então conhecer as funções dos elementos e o mundo de um certo modo esclarecer, que além de renunciado todos os excessos em místicas regiões. Coppi, por causa disso, todo ordenamento divino havia muito tempo era apenas um elemento da Superestrutura [Überbau] dos Regentes para ser utilizado em intimidações, igual atualmente a religião, com que o esclarecido adormeceu o desconhecido. Ao povo ficou o simples, o singelo, o descomplicado, a esperança num Além, que a eles por toda as misérias recompensaria, a confiança na bondade e auxílio do Invisível e o medo diante do irado e punitivo [Deus], que vigiava cada pensamento revoltado deles. A Elite tinha se libertado de tais superstições, e zombava da infantilidade das classes inferiores e pôde aceitar que nos passeios dos pastores, dos colhedores de vinhedos, que destes analfabetos poderia vir alguma expressão poética. Para os eruditos não havia qualquer Existência após a morte, e eles deviam tudo conquistar aqui mesmo no tempo de vida. A lacuna entre as classes era uma lacuna entre os diversos domínios do conhecimento. O mundo era para ambos o mesmo, o mesmo céu azul, o mesmo verde das árvores, os mesmos cursos d'águas, as mesmas pedras estavam lá para se ver, porém separados dos servos, dos não-educados, a dizer-lhes que as coisas em si não se alteravam, e ajuntavam valores e funções, enquanto utilizam o talento dos iniciados. Quem acreditava que a Terra era uma porção rodeada por um fluxo do oceano, que as lanternas dos Deuses foram arrancadas do meio da noite, quem acreditava que Selene com seus iluminante ou escurecente espelho lunar determinava a facilidade ou gravidade dos eventos futuros e que Posêidon soprava as ondas até as praias e aos navegantes arremessava raios desde as nuvens, eles não se arriscavam sozinhos nas vastidões, mas se entregavam a proteção de líderes e das forças armadas. A madeira, o fogo, o trigo, os minerais e os metais tinham a mesma aparência aos daqueles que trabalhavam as coisas com as ferramentas, e aqueles que recebiam o produzido e colhido, o privilégio dos últimos estava justamente aí, pois eles podiam logo calcular os lucros legais, pois deles era o solo, que entregavam aos requerentes, e deixavam ao Mercado o que havia para vender. O servo mantinha o pesado pedaço de ferro numa mão e a leve folha na outra, ele via as minas e o esplendor dos grãos e fios, dos galhos os tênues tecidos arrancados, desde as fendidas ravinas erguidos os torrões de terra, expostos à luz, o que o senhor-de-terra observava, ele que sabia que a matéria seria composta de minúsculas partículas, os átomos que, numa variedade de qualidades e relações, davam forma a todos os fenômenos [teorias de Demócrito]. Ele, o senhor, seguiu também sobre a mesma terra que o servo, seguia olhando para o longe, sobre a ampla curvatura, com suas colinas, seus bandos de aves, e névoas flutuantes sobre as serras, assim ele percebia toda uma outra dimensão que aquele que vivia nas cabanas. Ele tinha, movido por impulso, que entender o que ele precisava, nos passos dados na quadridimensional percepção do espaço, segundo a qual o plano da Terra se encurva, numa tal curvatura onde havia a possibilidade de ao seguir-se uma linha reta poder retornar-se ao ponto de partida, a perceber que tudo se situava num Infindo além da esfera girante, que juntamente com outras esferas/globos girava ao redor do Sol, tal pensamento estabelecia uma proporção para o tempo [períodos astronômicos]. Estendido deitado, nas noites claras, junto ao mar Egeu, e no Egito, a registrar as posições das estrelas numa Carta Celeste, assim a conhecer as regras, segundo o crescer e decrescer da luz lunar, ele estabeleceu seu Calendário, calculando com exatidão o período da rotação da Terra, o período da circulação da lua ao redor da Terra, a translação da Terra ao redor do Sol e a procedência do Sol, com seus planetas, ao sistema de milhões de estrelas, que ao todo, na mais externa distância condensou-se leitoso, sendo formado um gigantesco anel, como se também o Infindo fechado em si mesmo [teorias de Hiparco]. Assim como ele [o senhor, a Elite] entendia o que ele precisava, também conservava a explicação mais simples. Outrora havia sido simples e verdadeiro que os Deuses tinham criado o Mundo, com toda a vida nele, no entanto, ao avançar a extensão do olhar para além de montanhas e mares lá acima era de ficar com vertigens e não apenas uma vez aos pensamentos de que a Terra, deixada só pelos Deuses, com ele voava pelo Cosmos. De um poço na cidade egípcia de Siena ele localizou no zênite o sol fixo na vertical. O fio do prumo facilitou a linha, que permitia ser traçada do astro incandescente até o ponto médio da Terra [Erdmittelpunkt]. Então ele sabia que os raios do Sol chegavam paralelos a Terra, logo devia a mediação para a mesma hora na cidade de Alexandria situada ao norte dos raios incididos e aos perpendiculares traçados formar um ângulo. Com o auxílio destes ângulos e a distância entre ambos os lugares foi possível encontrar o grau do ângulo da curvatura da Terra e então calcular a circunferência da Terra, quase no quilômetro exato [cálculo de Erastóstenes]. Porém assim ele aqui, no Talmude [compilação de leis e tradições judaicas], junto aos olivais, a conservar as causas do escurecimento da Lua, do eclipse do Sol, da maré baixa e da maré alta, da tempestade e da chuva, contudo ele não mencionou como a massa de matéria primordial [Urstoff] tinha outrora se separado do Universo e no vazio um com o outro tinha se unido, como mundos foram gerados através de colisões e novamente tinham sido destruídos, antes que o torrão-em-brasa [Glutklumpen] da Terra formasse uma crosta, as tormentas de chamas fossem extinguidas, os continentes emergissem da água fervente e na lama se desenvolvessem os primeiros seres semelhantes a peixes, a partir dos quais o ser humano se originaria. O dinamismo de tudo, diga-se, quando depois seria de se perguntar qual o sentido da Existência, seja a lei da Necessidade, e quem havia decidido esta lei, que estabeleceu também, com sua livre vontade. A tarefa destes cidadãos-livres era, daí em diante, unicamente um cumpri-se da Necessidade. Por impulso, a propriedade multiplicar, daí ter explorado até a gélida ilha de Thule ao norte e até o cabo africano ao sul, para oeste até além das colunas de Hércules [Gibraltar] e para leste até o o multiramificado rio Ganges, enquanto o camponês, competindo desajeitado, perambulava na lavoura, sem pedaço de campo. E o forçado preso sentava-se no banco do remador, lá embaixo nas galeras, a ele nada era dado além de ficar atento ao recuo quando do bater do tambor daquele escravo que transmite o ritmo, seguindo as ordens daqueles que ficam no convés onde o navegador possuía as amplidões dos mares com suas correntezas, monções e ventos alísios, os quais ele utiliza em suas viagens cíclicas, com sua posição determinada pelas constelações. Para os não-livres foi sempre dado apenas o que estava imediatamente diante dele, e tinha consumido todos os esforços para ficar assim. Aos cidadãos-livres era dada uma constante expectativa do novo, ele [cidadão-livre] desenha o contorno dos litorais e as formações geográficas, estabelece rotas de navegação, descobertas de matérias-primas, possibilidades de comércio. Aqueles condenados ao serviço definhavam depressa na monotonia, enquanto ele [o cidadão-livre] se rejuvenescia ao se dedicar às iniciativas e mudanças. Ele não precisava se submeter ao sacerdote, em rezas por cura e restabelecimento quando em doença, pois os médicos tinham explicado a ele o funcionar dos órgãos, do pulso, da circulação sanguínea e dos nervos, além de preparar para ele todo os tipos de medicamentos. Os não-proprietários precisavam dos altares dos deuses da fecundidade e do clima, das altas e baixas regiões do mundo, de regiões estas que eles raramente conheciam além dos nomes, estas vítimas , além disso, deixadas à carência em plena fartura. Aos proprietários era tudo desejado manter, através de dinheiro em moedas, através de bancos, através de tropas expedicionárias. Seus filósofos acreditavam que o dar-e-receber [give-and-take: fazer concessões], que o constante um contra os outros e o misturar de uns aos outros correspondia ao ser/essência de todos os seres vivos, cada coisa seria modelada através da junção e separação, diluição e compressão, atração e repulsão, havia nenhuma matéria que não consistisse de pares em antagonismo. Assim como o perceber do mundo representava domínio, assim era o dominar ligado ao direito ao poder e autoridade. Com seus depósitos abarrotados, seus navios carregados de cargas, suas casas de campo, palácios e tesouros artísticos comprovavam os empreendedores a eficácia de suas ações. Eles se mantinham ao lado do progresso, eles distribuíam o trabalho, eles buscavam por perto aquilo de que precisavam, eles demitiam quem a eles não mais servia, eles abriam oficinas e fábricas, eles incentivavam – depois que as rivais autoridades egípcias tinham proibido a exportação de papiro – a fabricação de peles para escrita [pergaminhos] daí em diante, e desenvolveram a técnica de tintura das lãs de ovelhas. Tecelãs, fabricantes de sandálias, alfaiates e ferreiros estavam à serviço deles [os empreendedores], suas caravanas negociavam da China, marfim, jade, seda, porcelana, da Índia, especiarias, temperos/aromatizantes, unguentos e pérolas. Para os seus estaleiros eles mandavam trazer a madeira das altas florestas, eles exigiram extrair cobre e minério de ferro, ouro e prata, resguardar o gado, criar os cavalos e recolher os grãos e o trigo, cuja fartura conferiria à região deles o status de celeiro da Ásia Menor. Então, naquele tempo, disse Coppi, formavam a vanguarda, que nos conduzem adiante e que sempre novamente nos colocam diante do fato que tudo o que usávamos era produzido acima de nós e o fato é que quando em geral acessível, parecia vir de cima, mais do que dado pelo nosso próprio trabalho [o trabalhador não reconhece o fruto do seu trabalho: alienação]. Desejamos adotar a Arte, a Literatura, assim devíamos discutir os limites destas, isto é, nós devíamos neutralizar todos os privilégios que estão ligados a estas, e então inserir as nossas próprias exigências nestas. Virá por nós mesmo, disse Heilmann, temos não apenas de modelo novo criar a cultura, mas também completos estudos, nos quais adequar em relação ao que não diz respeito [relativo a nós mesmos; não uma pesquisa elitista, mas democrática]. Nós temos tudo conhecido sobre a forma de nossos planetas e o lugar que ocupam no espaço cósmico, mas para nós tem isto estado fora, excêntrico, aos conhecimentos básicos. Quando comentamos que a Terra é redonda e gira ao redor de si mesma, então nós comprovamos com isto que há proprietários e não-proprietários. Nós mencionamos os princípios básicos dos sistemas físicos, mas a depender de uma divisão do trabalho em quem trabalha na prática e quem administra [in Ausübende und Eintreiber], que é tão antiga quanto a Ciência. Ao adotar as imagens-de-mundo estabelecidas por antigos pesquisadores, em sua completa extensão, é sempre também a expressão da relação às regras estabelecidas das condições sociais. Então quando na representação de que nos situamos sobre uma esfera girante, com tudo isso esquecemos as relacionadas auto-compreensões, a deixar se entender a atrocidade que ordenou o nosso pensar. Dois mil anos passaram-se desde o ápice do Império de Pérgamo, porém ainda quase um século depois do Manifesto [Comunista], as Elites, que sempre temos conservado no poder, exigem para si todas as conquistas. Então, naquele tempo, iniciou-se logo a decadência, mas ainda seguia além a ideia de eleição e a ordem de submissão, que não puderam trazer os trabalhadores ao entendimento, que sempre eram conduzidos em cada avanço a um novo estágio social. Acima da montanha sobre os férteis campos da Mísia [na Anatólia / Ásia Menor], sobre a movimentação do porto de Elea, lá se dedicavam os nobres da cidade alta às suas habilidades, quando eram explicadas as perguntas básicas sobre o mecanismo do mundo, o governo vigiava a interação da exploração e do lucro, os negócios eram conduzidos por especialistas, o governo tinha, junto aos latifúndios, burocratas e funcionários à seu serviço, que cuidavam da continuação da produção, o arrendamento aos pequenos donos-de-terra, dos quais os impostos no vilarejo eram recolhidos, muitas vezes sob a opressão das tropas das guarnições, o Magistrado preocupava-se quanto a ordem nas cidades, a política externa era exercida pelo Alto Conselho, e nas grandes fazendas, salões e galerias dos ginásios, originalmente construídas para o treinamento dos jovens para o serviço militar [Wehrdienst], lá poderiam os professores e alunos se dedicarem sossegados à cada disciplina, ainda rigorosamente organizadas, constantes, inesgotáveis, em Épico, Poesia elegíaca e Lírica, Pintura e Escultura, Música, Dança e Drama, Canto e Caligrafia. E para atraírmos a Arte para nós, devíamos nos dirigir aos muros alvos brilhantes, junto aos ciprestes e canteiros de flores nos cumes acidentados, lá seguiam seu próprio modo de vida. Os diretores das Academias denominavam-se Cépticos, cuja tarefa era o Investigar, o Pensar e o Duvidar, e usavam o título de honra de Críticos, porque eles não aceitavam, sem analisar e fazer modificação. Eles sabiam, devido a competência deles no mundo do poder, como deviam manobrar, diante de uma questão, pois sabiam avançar nos âmbitos intelectuais até então desconhecidos, porque o solo no qual eles se encontravam, estava estabilizado e sistematizado. Se nós junto a um tal auto-aperfeiçoado como Crates [de Tebas, século III a. C.] permanecia, disse Heilmann, em seu próprio local escolhido, e nele prestávamos atenção, o modo de sua fala, a notar cada palavra, de como ele brandia seu caderno escolar sob a lâmpada da cozinha. Os críticos literários tinham, de acordo com Crates, três tarefas, a primeira, apurar a Dicção, a Sintaxe e a Estrutura das frases, a segunda, avaliar a Fonética, o Idiomático, o Estilo e as Figuras, e a terceira, submeter-se às ideias e imagens utilizadas de um juízo histórico. Para ele [Crates de Tebas] e sua escola as constatações de qualidade linguística apenas deviam ser conquistadas, tirando-as das trevas para um esclarecimento racional, onde cada afirmação era comparada, por isso, com observações empiristas e experiências práticas. Uma ampliação das fronteiras da representação realizou-se na base da Lógica, e logo o que era desconhecido recebeu Nomeação e Formulação. Foi também sempre ao Entender da prioridade própria para a percepção das Maravilhas, que a Arte era uma Ciência, tal qual a Geometria e a Estática. Assim se sucediam os Sábios na Corte de Pérgamo com as mesmas perspectivas, que haviam sido criados por naturalistas de outrora, tudo era equilibrado por sua utilidade, quando definiram as Regras, que dois milênio mais tarde ainda são válidas, elas serviram ao desenvolvimento do Intelecto, e junto também elas serviram para darem forma ao Intelecto em desenvolvimento. Este Império do Intelecto era formado através da Autoridade, cada declaração da Arte, da Filosofia era baseado na Autoridade. E quanto maior, mais alto era o alcançado, tanto mais furioso era exercido o Domínio da Brutalidade. Apenas poucas décadas durou o apogeu do Império de Pérgamo, e depois seguiram-se mais de cem anos de constantes guerras. Eis a amostra, ainda em geral correspondente a atual organização do Estado. As leis da antiga sociedade escravocrata ainda persistem. Apesar de todas as revoltas ainda a maioria do povo sempre devia novamente desfilar para a Elite. Mais de dois mil anos passaram-se desde os convocados filhos de camponeses, que nas operações de guerra fizeram prisioneiros deixaram-se levar por seus comandantes em ziguezague por toda a Ásia Menor a sangrarem nas batalhas, que levavam a queda de um usurpador apenas para a ascensão de outros usurpadores. Vinte anos antes foram os nossos pais a escaparem de massacres, e muito curto o período desde Outubro [Revolução Russa de 1917], quando deu-se o sinal para um novo começo, após uma longa pré-História de homicídios. A Elite sempre buscou os seus direitos, sempre assegurou a sua Hegemonia, até outro Potentado vir em substituição, o que não evitamos, a fazer concessões, e volta a persistir em ressurgente Tirania, que jamais tínhamos visto. Em nossa trancada cozinha mostra-se para nós o Continente tal como Alexandre [Magno, Imperador da Macedônia, Pérsia e Egito] tinha-o legado, com suas colônias gregas, suas misturas de povos, suas fortalezas, nas quais os Generais, que o senhor deles tinha conquistado, então quanto seus próprios reinados foram administrar, de parceiros se tornaram adversários, ciumentos eram forçados à expansão dos territórios, assim suas tropas provocavam umas as outras, na Macedônia, na Trácia, Bitínia e Ponto, na Capadócia, Babilônia, Síria e Egito. Os países dos Sucessores [Diadochen, generais 'sucessores' de Alexandre Magno] situavam-se sobre a polida superfície da mesa, Coppi sentava-se inclinado diante do Helesponto, de onde Lisímaco, que fora antigo guarda-costas do Comandante-em-chefe [Heerführer], avançou para o sul, ao longo do litoral do Mar Egeu, e Filetero, um jovem capitão, proveniente de Tius, no Mar Negro, foi engajado como Governador [ou Procônsul, Statthalter] em Pérgamo. [...]



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LdeM

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