segunda-feira, 25 de abril de 2011

Vol. I - bloco 6 (2/2)









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Com muitos colegas estudantes nós concordávamos que estas pinturas que queriam confundir-nos quanto ao antitético [das Antithetische], com tudo que poderia ser dito em defesa delas, pouco tinham em comum com nosso interesse. Nós queríamos, nós mesmos, identificar o que para nós era dito ou o que tinha sido superado, o que estava à serviço da Demagogia ou o que podia ser útil às nossas tentativas de descoberta. Pintores, poetas, filósofos informavam sobre os confrontos e crises, as opressões e recomeços de nosso tempo. Na transição de um Estilo [Stilart] a outro, numa súbita libertação da emoção, do gesto, da cor, deixava reconhecer mudanças sociais, porém sempre era na diversidade de espelhamentos, das concentrações visuais, a se encontrar uma unidade, todas davam uns aos outros nutrição, perguntava, respondia um ao outro, e nada era assim tão remoto que não fosse compreensível. A reflexão surgia, se não por dependência do artista quanto a nobreza e ao clero, por toda uma necessidade, o desejo de obedecer ao mandante, dava ao trabalho deles grande segurança e capacidade quanto a posteridade, pois que eles se mantinham por si mesmos e eram responsáveis apenas por si mesmos. A lenta e calma realização da Obra dentro de uma sequência assegurada pela Tradição foi substituída pela exigência de originalidade, o que era novo não foi atribuído ao completo saber artesanal, mas sim ao Gênio, e este impulso para a peculiaridade, para a dedicação ao individual, levou ao isolamento, ao se meditar a predominância dos sofrimentos pessoais, até um excesso e, finalmente, o desafio da Arte. Com as gravuras de Dürer, do filho pródigo e da Melancolia, foi claramente a separação marcada entre a Arte hierárquica e aquela que se colocava e plenamente si só tinha que encontrar a escolha deles [dos artistas]. Nós discutíamos se por isso, porém, não seria legítimo, quanto a Arte, com pretensão de exclusividade, a impor uma linha-diretiva, e se tal determinação de uma definitiva função novamente poderia provocar uma persuasão, uma consequência. Porém um estilo não se deixava coagir, ele devia se desenvolver de modo orgânico. Isso pertencia ao período no qual vivíamos, que tudo o que era anterior, antes de tudo o que podíamos vir a conhecer, se tornava uma mistura cultural [Schmelztiegel; melting pot], quando o estilo da nossa época devia ser um constante pesquisar e rejeitar. E, perguntou a mãe de Coppi, como podia ser possível ao artista de outrora produzir sob a permanência dos tiranos. Por que eles não desvelavam a proporção da opressão e não questionavam as relações de poder, respondia Coppi, eles expressavam o que eles consideravam certo. O artista esclarecido de hoje em dia, que se colocava às ordens da ditadura, podia apenas fingir e enganar a si mesmo. Os monumentos do Fascismo, baseados em modelos gregos e romanos, expressavam nada além de um engessado vazio. Por isso, disse Heilmann, os representantes da verdade vivem no exílio ou na prisão ou, se eles ousam revelar suas opiniões aos mandatários, eles pagam sua sinceridade com a morte. Prisão e tortura, proibição de trabalho, fuga, exílio e fogueiras, ele disse, pertenciam ao destino do artista, desde que ele começou a se expressar livremente diante dos superiores. A Arte em sua totalidade, ele continuava, a literatura no total está disponível para nós sob a proteção de uma deusa, Mnemosyne, que ainda podemos aceitar. Ela, a mãe da Arte, chama-se Memória. Ela protege o que se insere no desempenho geral de nossa própria percepção. Ela sussurra para nós o que as nossas emoções exigem. Quem se atreve a criar este bem acumulado, até se castigar, só nos prejudica ao condenar nossas capacidades de distinção. Às vezes considero os historiadores de Arte bem antipáticos, eles que, com dedo levantado, esquecem a ambiguidade de cada singular obra [de Arte], pois aqueles que pretendem coações a partir de análises políticas nada sabem sobre a essência da Arte. Com seus roubos de quadros, suas queimas de livros, seus ataques contra as opiniões não-aceitáveis eles se apresentam semelhantes aqueles da Inquisição. Sem meios termos a Ideologia irrompia numa área que até poderia ser unida a ela, mas que [a Arte] devia se fechar se ela [a Ideologia] exigia subordinação. Marx e Engels sabiam disso, e também Lênin nunca se aproveitou da posição dele para impor seus pontos de vista sobre a Arte. Eles eram, no sentido que do que eles conceituavam Beleza, uns tradicionalistas. A compreensão que eles tinham de Arte era originada a partir de escolas burguesas. Porém eles percebiam os valores a partir das obras que se relacionavam com o progresso social, e que aplainava o caminho da Arte na propriedade em comum. Eram, antes de tudo, os mecanismos de opressão esmagados através da Revolução, mas a Arte não apenas ficaria intacta, mas sim, com sua harmonia e grandeza, em geral, antes de tudo, poderia trazer plena importância. Eles nada defendiam de revoluções ao modo blanquista, proudhoniano, bakuniano, e assim eram contra o radicalismo extremo, a retórica vanguardista, assim eles preferiam os inquietos espíritos dos clássicos consagrados, tais como Hölderlin, Novalis, Kleist ou Büchner, os épicos franceses eram, para eles, mais preferidos que Rimbaud, Lautréamont, Verlaine, Baudelaire, enquanto eles permaneciam ao lado das sinfonias melodiosas, e a música atonal devia ser um sofrimento para eles. Lênin considerava as obras de pinturas contemporâneas como uma afronta à natureza, ele se irritava quanto a isso que seu não sem distúrbios seriam atingidos através do tumulto da Revolução, porém ele queria também para a florescente Arte no Estado Proletário o simétrico e o melódico em vez da dissolução da anatomia, da confusão dos gritos, sirenes de fábricas e turbinas, assim devia ser sua pretensão sobre o partidarismo, porém a trazer uma face, que cada artista haveria de reinventar. O que ele, enquanto autoridade, entendia sob partidarismo era, de modo ético, o que concedia da Arte enquanto uma vitalidade, porém que junto a ele havia sido generoso, haveria de ser com seu sucessor [Stálin] um tanto baixo e mesquinho, onde o padronizado venceria sobre a espontaneidade, o metódico sobre o que se desenvolvia livremente. Quando agora, ao fazermos perguntas durante as discussões, os mestres professores recomendavam o estudo da Poesia e da Arte dos séculos passados, quando eles elogiavam Balzac, Stendhal e Goethe, Rembrandt, Bach e Shakespeare pela maturidade e conhecimento humano, pela prudência e cosmovisões [perspectivas de mundo, Weltperspektiven], quando eles viam exemplificados nos patriarcas e senhores feudais, nos aristocratas, damas da côrte e reis, os conflitos atemporais de modo humanista, por que não poderiam as obras de contempladores burgueses-tardios e experimentadores mais informativos despertar o nosso interesse? Não tinham Marx, Engels, Luxemburg, Lênin se inspirado nos pensamentos que manifestações culturais nem sempre eram devidas às condições materiais da época, mas sim frequentemente se apresentavam em contraste a elas, que os artistas com astúcia, desafio e ironia rompiam as limitações e condições das relações de produção e, com novos conhecimentos, contribuíam para a mudança de consciência. A Arte possuía também, junto a ele, um determinado caráter de classe, uma qualidade, com a qual eram considerados os processos sociais, econômicos e políticos, que determinavam a nossa vida, pois a Arte se encontrava frequentemente num limiar, a partir do qual o ser social seria transformado, e mesmo esta qualidade era bem o que fazia confusas as Ideologias. Elas não gostariam de seguir sugestões, enquanto a Arte seria uma constante força disponível em toda parte a permitir efetivar uma renovação, enquanto ao contrário elas [as Ideologias] exigiam dos meios artísticos o mesmo disciplinamento, que para eles, os políticos, era necessário. Quando eles ficavam tutelando, interferindo e disciplinando, era de certo modo difícil de criticar, pois sempre se diziam ligados às melhores intenções. A Arte socialista devia ser purificada de toda a brutalização nos negócios culturais capitalistas, e eliminar em toda medida, a glorificação da guerra, do poderio sádico, do racismo, e devia ser aceito apenas o que foi por complexa avaliação de onde ficava o limite entre o combate da Reação e a liberdade de expressão. Nós não concordávamos com o ponto de vista de que era o resto do preço que se devia ser pago pela liberdade de escolha, nós condenávamos o lixo que se despejava diariamente a partir das cloacas da mídia de massa sobre a população, que porém pertencia à Literatura, às Artes plásticas, e não devia experimentar qualquer direcionamento. Acontecia que o nosso programa educacional não era apenas contrário aos obstáculos da sociedade de classes, mas também em conflito com o princípio de uma visão cultural socialista, que sancionava os mestres do passado e excomungava os pioneiros do século vinte. Nós insistíamos em Joyce, Kafka, Schönberg e Stravinski, Klee e Picasso pertenciam à mesma fileira na qual se encontrava Dante, autor de Inferno, obra com a qual nos ocupávamos desde algum tempo.






[pausa]







em breve o bloco 7...


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links




sobre Albrecht Dürer
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mais sobre Rimbaud, Lautréamont, Verlaine, Baudelaire
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mais sobre Balzac, Stendhal, Goethe,
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mais sobre Rembrandt, Bach, Shakespeare
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mais sobre Joyce, Kafka, Schönberg
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mais sobre Stravinski, Klee e Picasso
http://pt.wikipedia.org/wiki/Stravinsky
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mais sobre Dante, Inferno
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