quarta-feira, 19 de maio de 2010

Estética da Resistência - Volume I / I



Peter Weiss
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Die Ästhetik des Widerstands
A Estética da Resistência
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trad. Leonardo de Magalhaens
Erster Band / Volume I

I
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Em volta, ao redor de nós elevam-se os corpos feitos de pedra, juntos aglomerados em grupos, entrelaçados ou quebrados em fragmentos, com um tórax, um braço amputado, um quadril rachado, um retalhado pedaço em sua forma insinuada, sempre nos gestos de luta, desviando, voltando rápido, golpeando, se protegendo, esticado para cima ou encurvado, aqui e ali apagado, porém ainda com um pé erguido e resistente, uma coluna dorsal contorcida, o contorno de uma panturrilha esticada em um único movimento comum. Um enorme combate, surgido da parede cinzenta, reportando ao seu acabamento, caindo sem forma. Uma mão estendida do chão, punho em prontidão, além da área vazia, com o ombro grudado, uma face cheia de arranhões, com fissuras amplas, boca bem aberta, olhos fixos olhando fixamente, rodeados por cachos de barba, as impetuosas dobras das vestes, todas próximas de seu carcomido fim e próximas da origem. Mantendo cada detalhe de sua expressão, em frágeis fragmentos, dos quais a forma completa se deixa reconhecer, tocos rudes junto a polida superfície lisa, vívida do jogo de músculos e tendões, cavalo-de-batalha em louça condensada, arredondado escudo/brasão, espada alongada, rudíssimo oval da cabeça rachada, balanço estendido, triunfante braço erguido, calcanhar em salto, esvoaçado desde as vestes, punho fechado não mais ao redor da espada disponível, desgrenhado cão de caça, os focinhos mordem quadril e nuca, um caído, com a base dos dedos apontada aos olhos da besta-fera sobre ele, desabado leão, uma guerreira protegendo, com a pata recuando para o golpe, com mãos munidas de garras-de-pássaro, chifres erguidos de importante fronte, ondulando pernas, cobertas com escamas, uma ninhada de serpentes em toda parte, em um estrangular ao redor de ventre e pescoço, refreando os afiados dentes revelados, golpeando sobre o peito desnudo. Estas faces então talhadas, novamente se apagando, estas mãos potentes e despedaçadas, estas amplas revigoradas narinas se afogando em rocha apática, este olhar de pedra, estes lábios estendidos num grito, estas pisadas e batidas, estes golpes de pesadas armas, estas polias de rodas blindadas, estes feixes de fulminados raios, estas pisadelas, este rebelar-se contra e romper-juntos, este infindo esforço, se arrastando acima dos granulados blocos.
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original
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Rings um uns hoben sich die Leiber aus dem Stein, zusammengedrängt zu Gruppen, ineinander verschlungen oder zu Fragmenten zersprengt, mit einem Torso, einem aufgestützten Arm, einer geborstnen Hüfte, einem verschorften Brocken ihre Gestalt andeutend, immer in den Gebärden des Kampfs, ausweichend, zurückschnellend, angreifend, sich deckend, hochgestreckt oder gekrümmt, hier und da ausgelöscht, doch noch mit einem freistehenden vorgestemmten Fuß, einem gedrehten Rücken, der Kontur einer Wade eingespannt in eine einzige gemeinsame Bewegung. Ein riesiges Ringen, auftauchend aus der grauen Wand, sich erinnernd an seine Vollendung, zurücksinkend zur Formlosigkeit. Eine Hand, aus dem rauhen Grund gestreckt, zum Griff bereit, über leere Fläche hin mit der Schulter verbunden, ein zerschundnes Gesicht, mit klaffenden Rissen, weit geöffnetem Mund, leer starrenden Augen, umflossen von den Locken des Barts, der stürmische Faltenwurf, eines Gewands, alles nah seinem verwitterten Ende und nah seinem Ursprung. Jede Einzelheit ihren Ausdruck bewahrend, mürbe Bruchstücke, aus denen die Ganzheit sich ablesen ließ, rauhe Stümpfe neben geschliffner Glätte, belebt vom Spiel der Muskeln und Sehnen, Streitpferde in gestrafftem Geschirr, gerundete Schilde, aufgereckte Speere, zu rohem Oval gespaltner Kopf, ausgebreitete Schwingen, triumphierend erhobner Arm, Ferse im Sprung, umflattert vom Rock, geballte Faust am nicht mehr vorhandnen Schwert, zottige Jagdhunde, die Mäuler verbissen in Lenden und Nacken, ein Fallender, mit dem Ansatz des Fingers zielend ins Auge der über ihm hängenden Bestie, vorstürzender Löwe, eine Kriegerin schützend, mit der Pranke ausholend zum Schlag, mit Vogelkrallen versehne Hände, Hörner aus wuchtigen Stirnen ragend, sich ringelnde Beine, mit Schuppen besetzt, ein Schlangengezücht überall, im Würgegriff um Bauch und Hals, züngelnd, die scharfen Zähne gebleckt, einstoßend auf nackte Brust. Diese eben geschaffnen, wieder erlöschenden Gesichter, diese mächtigen und zerstückelten Hände, diese weit geschwungnen, im stumpfen Fels ertrinkenden Flügel, dieser steinerne Blick, diese zum Schrei aufgerissnen Lippen, dieses Schreiten, Stampfen, diese Hiebe schwerer Waffen, dieses Rollen gepanzerter Räder, diese Bündel geschleuderter Blitze, dieses Zertreten, dieses Sichaufbäumen und Zusammenbrechen, diese unendliche Anstrengung, sich emporzuwühlen aus körnigen Blöcken.
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Peter Weiss, Die Ästhetik des Widerstands.

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